THE MARTIAN: THE MAN SCIENCED THE POTATOES OUT OF MARS Mathtew Crennan

Knife in the right and book in the left.

Professional filleter with fast and smooth knife technique.

Avid reader knows what a book hangover is and have them frequently.

THE MARTIAN: THE MAN SCIENCED THE POTATOES OUT OF MARS

Our bookshelves are never lack of survival and castaway stories. Whatever it is the perilous slopes of a mountain in storm, being cast adrift on a treacherous island, or a cruel trek through the desert in arid climates, it all demonstrates what humans are capable of when push to their limits. Rather than being abandoned anywhere else on Earth, Mark Watney the protagonist in The Martian, is marooned on the desolate planet Mars, roughly 54.6 million kilometres away from home, which escalates the scale of the issues further. It is exactly the conflict between man and space that makes this sci-fi tale immensely captivating and stirring to read.

“I’m pretty much fucked.

That’s my considered opinion.

Fucked.”

With a few F-bombs in the opening lines, The Martian jumps right into the life and death stakes of the lone astronaut, and gives a glimpse at the main character — in despair, but still rational and hasn’t completely lost it.

The story sets in the near future 2035, and unfolds through journal entries in first person POV. Mark Watney is one of the six crewmembers of NASA’s third mission to Mars. When a dust storm forces the mission to be aborted, flying debris hits Watney, knocking him unconscious and disabling his radio. The rest of the crew are forced to abandon the planet with him assumed dead. But Watney finds himself alive and alone on the entire Red Planet — no way home, no contact with Earth, a limited supply of technology, no immediate chance for rescue and no mercy from the universe — circumstances that warrant constant cursing. However, the capable hero begins working the science to overcome the insurmountable challenges one after another.

Starting with the air to breathe and water to drink, he uses the “oxygenator” to create oxygen from the carbon dioxide released from the fuel in his Mars Ascent Vehicle, and figures out how to extract hydrogen from the hydrazine in rocket fuel to make more water. He also plans a farm for potatoes by creating fertile land inside the habitat tent with Martian soil, some small samples of earth soil and his faecal waste. Each experiment, failed or succeeded, has the potential to extend his life long enough till back on Earth of NASA discovering that he is still alive, and mounting plans to first establish communication with him and ultimately attempt to rescue him. The actions, thoughts and debates of people on Earth is an added point of view to build up a layered complexity of tension and suspense. It is not just a one man show, but realistically shows space mission is a team effort.

Fast-paced, action-packed and witty, The Martian combines hard science with entertaining fiction. The survival on Mars entails a great amount of real scientific, technical and mathematical details, for instance, how many calories Watney would need to survive four years and how many potatoes that requires? How much formable land he would need to develop for his potato crop and how much water to grow it? There are times when it can get almost too technical, but the way the science is explained allows the readers to get across the technical terms and details, without them needing a PhD to understand what is happening. It is the dense science facts that work the plot. Its technical depth makes it feel real, and the book reads very differently to the usual science fiction fare in that it all seems so believable. Due to its high accuracy, some American educators tapped the educational potential out of the work and in 2016, a classroom edition of The Martian (in which Watney’s foul language is replaced with tamer words) was published and used as an alternative to dry science textbooks among high school students.

Throughout, the story is enlivened with Watney’s quick wit and wry humour, which makes it a breezy, easy read. Under absurdly difficult conditions, he has moments of anger and rampage at the unfairness of the situation, or even moments of self-pity. But overall, he remains positive and optimistic. He keeps his life together by rigging up everything from a sleep bunk to a hot bath. He keeps his mind active by solving one problem at a time and then the next. He keeps his spirits up with jokes by musing over his crewmates’ taste in music and bad television shows. Things are constantly going wrong for Watney, and he never stops surprising the readers with his ingenuity and upbeat attitude.

The Martian is Andy Weir ’s first published novel, and he has always been fascinated by the idea of space flight and space exploration. He wrote the book in his spare time while working as a computer programmer. In order to maintain the level of scientific accuracy he wanted, the author heavily researched topics like orbital mechanics, conditions on the planet Mars, the history of manned spaceflight and botany. He originally published the book chapter by chapter for free on his website. After a few requests, he put it up on Amazon for the Kindle readers and it became a bestselling phenomenon. The sales success on the platform led to publishing deals. Later on, a movie tied in where Matt Damon gives a fine performance to the character. For those who have already watched this sci-fi extravaganza on screen, it is still worthy reading Weir’s book to marvel at just how much science he explores in this tale of extraordinary endeavour.

Alone on Mars, Watney is not being too arrogant to call himself the greatest botanist and colonist on the planet. He is a winner, all in one piece, ready to get aboard the spacecraft Hermes and head for Earth… but he has probably lost his desire for potatoes long ago.

Author:

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Year of Publication:2014

A Confissão Impúdica Manuel Afonso Costa

Posta, ensaísta e professor universitário

A Confissão Impúdica

Jun'ichirō Tanizaki nasceu a 24 de Julho de 1886 vindo a falecer no dia 30 de Julho de 1965.  é um dos maiores autores da literatura japonesa moderna . 

A história parece simples e concentra-se em dois personagens que são um casal. O marido é um tímido professor universitário de meia-idade que não consegue satisfazer a sua mulher dez anos mais nova e de temperamento excessivo. A história é contada da maneira mais original e eficaz: cada elemento do casal redige às escondidas o seu próprio diário. Ocultam-no mutuamente mas ambos sabem que cada um lê secretamente o diário do outro. O livro constrói-se a partir dos fragmentos dos dois diários produzindo uma atmosfera íntima muito particular, partilhada pelo leitor ao seguir os pormenores psicológicos e os ardis que se cruzam e entretecem até à mortífera teia de paixão.

Jun'ichirō Tanizaki nasceu a 24 de Julho de 1886 vindo a falecer no dia 30 de Julho de 1965.  é um dos maiores autores da literatura japonesa moderna . A Tanbiha, escola da qual participou, valorizava a “arte e beleza acima de tudo”, contra o objetivismo da época.

Membro de uma família de mercadores, Jun'ichirō Tanizaki nasceu no centro de Tóquio. Em sua juventude foi um admirador do mundo ocidental e das conquistas da modernidade, tendo vivido por um curto período em uma casa de estilo ocidental em Yokohama, subúrbio de Tóquio e lar de estrangeiros expatriados. Lá levou um estilo de vida boêmio. Em 1923, um forte terramoto e consequente destruição da sua casa, forçaram Tanizaki a se mudar para Ashiya, na região de Kyoto e Osaka, fornecendo cenários ao seu romance As irmãs Makioka. O centro dos seus interesses é a preservação da língua e da cultura tradicional do Japão. Tanizaki faleceu aos 79 anos, em 1965, um ano após ter sido o primeiro autor japonês eleito membro honorário da American Academy and Institute of Arts and Letters. Dentre suas principais obras estão Amor insensato (1924; Companhia das Letras, 2004), Voragem (1928; idem, 2001), Há quem prefira urtigas (1930; idem, 2003), A chave (1956; idem, 2000) e Diário de um velho louco (Estação Liberdade, 2002). É ainda autor do ensaio Elogio da Sombra. Tanizaki também traduziu para o japonês autores ocidentais, como Stendhal e Oscar Wilde.

Publicou pela primeira vez seus trabalhos em 1910 mas sua reputação só se tornou grandiosa quando se mudou para Kyoto, após o Grande terremoto de Kanto de 1923. A mudança de cidade alterou seu entusiasmo, pois neste novo contexto moderou seu amor pueril pelo Ocidente e a modernidade ao dar grande ênfase ao seu antigo interesse pela cultura japonesa tradicional, particularmente a cultura da região de Kansai, que envolve Osaka, Kobe e Kyoto. Essa mudança de atitude é indicada pela grande quantidade de traduções para o japonês moderno de clássicos como Genji Monogatari, conhecido também como “A história de Genji”, datado do décimo primeiro século. Também publicou neste período sua obra prima, Sasameyuki (literalmente “Neve Fina”, contém um fragmento do nome de uma das protagonistas, Yukiko), que recebeu o título em português de As irmãs Makioka; nele é narrada a história de quatro irmãs de uma tradicional mas decadente família de burguesa de Osaka. Apesar de suas primeiras novelas terem criado um rico panorama da Tóquio e da Osaka da década de vinte do século passado, nos anos trinta Tanizaki se desviou dos assuntos contemporâneos para escrever sobre o passado feudal do Japão, possivelmente uma reação à crescente militarização da sociedade e da política japonesas. Durante esse período obras suas foram consideradas inadequadas pelo regime. Após a Segunda Guerra Mundial Tanizaki novamente alcançou proeminência literária, obteve muitos prêmios e até sua morte foi considerado o maior autor vivo de seu país. A maioria de seus livros é altamente sensual, alguns centrados no erotismo. Em praticamente todos eles se destacam a agudeza de sua percepção e uma sofisticação irônica. Muito embora seja lembrado por suas novelas e contos, Tanizaki também escreveu poesia, drama e ensaio. Ele foi, acima de tudo, um magistral contador de histórias.

Destaco as obras seguinte:

A chave; A confissão impudica; Diário de um velho louco; A mãe do capitão Shigemoto; O cortador de canas; Alguns preferem urtigas; Elogio da sombra; Uma gata, um homem e duas mulheres.

A Confissão Impudica é o relato de uma relação amorosa extremamente complexa. O psicologismo, a elegância e a leveza da escrita fazem deste livro o melhor exemplo da obra de Tanizaki. A história parece simples e concentra-se em dois personagens que são um casal. O marido é um tímido professor universitário de meia-idade que não consegue satisfazer a sua mulher dez anos mais nova e de temperamento excessivo. Ambos dissimulam as relações mais íntimas de casal. Ele por introversão, ela porque, proveniente de uma velha família feudal, mantém uma máscara de pudor. A história é contada da maneira mais original e eficaz: cada elemento do casal redige às escondidas o seu próprio diário. Ocultam-no mutuamente mas ambos sabem que cada um lê secretamente o diário do outro. O livro constrói-se a partir dos fragmentos dos dois diários produzindo uma atmosfera íntima muito particular, partilhada pelo leitor ao seguir os pormenores psicológicos e os ardis que se cruzam e entretecem até à mortífera teia de paixão.

Kagi” é o título de um livro de Junichiro Tanizaki (1886-1965) editado em Portugal pela Assirio&Alvim com o título adaptado da tradução francesa “A confissão impudica”, em 1991 e editado pela Teorema em 2003 com um título mais próximo do nome original da obra que é Kagi, ou seja, traduzido mais literalmente por “A Chave”. Uma obra bastante emblemática de Tanizaki no sentido em que aborda temáticas tipicamente Tanizakianas (passe a expressão). Mas vamos fazer jus ao título do artigo (roubado à livre tradução da edição da Assírio) e sejamos impudicos porque este é um livro sobre sexo. Essencialmente sobre sexo e \ peculiar. Acontece que, de facto, a percepção nipónica ultra-fetichista e absurdamente fantasista sobre o sexo não se reflecte só no hentai ou nas ofertas de mercado sexual das zonas mais duvidosas de Shinjuku. Isto porque, estou convencido que qualquer manifestação de peculiaridade cultural tem que ter uma raiz justificativa. Na história do Japão, a sexualidade, que está presente nos valores ancestrais japoneses com bastante naturalidade – os símbolos fálicos presentes nos cultos xintoístas são disso exemplo – acaba por começar a assumir o seu estado pudico a partir da construção da sociedade feudal e da definição do papel da mulher na comunidade, acabando por dogmatizar a noção de pureza associada à preservação dos elementos encarados como sexualizantes na mulher, à semelhança do que aconteceu na nossa cultura de matriz cristã, ainda que estas não estivessem em contacto. Ao longo da história da humanidade as sociedades tenderam a organizar-se em torno de um sentido de “maternidade/pureza” associado ao papel da mulher na estrutura familiar e social. Diz a sabedoria popular que o fruto proibido é o mais desejado e sem dúvida que uma sacralização da sexualidade feminina, inalcançável e misteriosa, só pode resultar num manancial de frustrações mescladas com desejos que dão origem às mais obscuras fantasias. 

A época feudal do período Edo é uma das principais épocas a ter uma influência considerável naquela que é a personalidade colectiva actual dos japoneses. É um período que se arrasta desde o séc. XV até 1868, altura em que o Japão se abre ao mundo, saído da sua idade das trevas e se moderniza. Tendo em conta este encadeamento de factores históricos, talvez tenhamos aqui a ponta de um iceberg de justificações múltiplas para certos elementos do imaginário sexual japonês que, como ocidentais, não conseguimos perceber muito bem de onde vêm. É neste contexto que se insere esta obra de Tanizaki.

A história, com algum sentido de minimalismo, concentra-se em duas personagens que formam um casal cujo casamento dura há cerca de três décadas. Cada elemento do casal possui um diário no qual decide confessar aquilo sobre o qual não dialoga mas que quer exprimir: os detalhes da sua vida sexual e pensamentos sobre o assunto. A história concentra-se bastante no marido e na sua busca desesperada por satisfazer apetites algo desmesurados da mulher. Acabando por condicionar a sua normal existência quotidiana com esta obsessão, recorrem os dois a métodos pouco ortodoxos onde um jogo tácito conduz a dúvidas, dilemas e traições. A forma como o estabelecimento da importância das perversões do casal têm repercussões no tecido familiar – com a intervenção da filha - é bastante particular na medida em que não somos, como ocidentais, um público habituado a este tipo de leitura circunstancial. Mas, efectivamente, o objectivo de Tanizaki é sempre extrapolar o campo da mera contemplação e verificar as consequências das impressões íntimas das personagens ao longo da sua vivência, numa perspectiva algo freudiana da existência.

Sabemos que Tanizaki como escritor sofreu de muitas influências de autores ocidentais, tendo uma particular paixão pelos boémios obscuros, Baudelaire, Poe, etc, sobretudo em trabalhos mais iniciais. Esta obra de 1956 surge num contexto pós-guerra rodeado das mais variadas reflexões sobre o estado identitário do Japão nos seus mais variados conflitos e esta abordagem à psicanálise das personagens é sem dúvida vanguardista e reflecte uma grande elegância e mestria no tratamento da mensagem a passar. 

Author:

Publishing House:

Year of Publication:1990