Macau durante a Guerra

A China travou durante oito anos uma guerra de resistência contra o Japão, durante a II Guerra Mundial, durante a qual Hong Kong caiu nas mãos do inimigo durante três anos e oito meses. Devido ao facto de Portugal ter ficado neutro, Macau esteve livre de bombardeamentos. Contudo, a população ainda sofreu com a guerra – a fome e a morte ameaçavam as pessoas diariamente devido ao influxo de numerosos refugiados, ao embargo imposto pelo Japão e à escalada do preço dos alimentos.

Lam Fat Iam, Director Executivo do Centro de Estudos Culturais Sino - Ocidentais do Instituto Politécnico de Macau passou um ano a entrevistar 50 residentes de Macau que experimentaram este período a fim de publicar um novo livro intitulado A Voz dos Comuns: A História Oral de Macau e a Guerra Sino-japonesa.

Os entrevistados, agora com mais de 80 anos, recordam que os pobres tinham que apanhar excrementos , enquanto os ricos fumavam ópio em salas de casinos naqueles tempos. A praia em frente à biblioteca do velho campus da Universidade de Macau na Taipa era uma sepultura comum de corpos de pessoas que morriam à fome. O governo enviava veículos diariamente para recolher corpos sem vida. A maior parte dos cidadãos seniores entrevistados possuem famílias grandes e felizes e recordam o cenário deprimente de forma composta e serena, mas, segundo Lam Fat Iam, “os historiadores orais irromperam em lágrimas quando ouviram estas histórias, chorando novamente ao tratarem a informação no Centro”.

Lam Fat Iam e a sua equipa leram dezenas de milhares de jornais velhos à procura de mais evidências das histórias orais deste livro. Tentaram reconstituir a sociedade naqueles tempos na esperança de reforçar os slogans políticos comuns com um número de histórias verdadeiras.

Lam Fat Iam entrevistou 50 pessoas de Macau que viveram a guerra.

Data de Publicação:2015