Cartografia Global de Macau

Uma minúscula cidade no oriente, Macau desempenhou em tempos um papel vital na história do comércio internacional. A cidade está indicada em muitos mapas antigos anteriores ao séc. XVIII, que testemunham a transformação de Macau.

A Biblioteca da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau (Biblioteca MUST) reuniu numerosos mapas antigos de todo o mundo relacionados com Macau, exibindo os mapas coligidos pela Biblioteca Apostólica do Vaticano há dois meses. Outro conjunto de mapas antigos será exibido na Biblioteca Sir Robert Ho Tung em Novembro.

 

Mapas antigos representando a China antes do séc. XVIII eram habitualmente desenhados por missionários e Macau sempre desempenhou um papel na elaboração desses mapas.

Por exemplo, o Mapa de Cantão produzido por Michal Boym, um missionário jesuíta, delineia a Península de Macau e as suas ilhas e assinala “Macau” com o seu nome chinês no mapa. Por outro lado, o Mapa de Quantung e Fokien desenhado por Vincenzo Cornelli, um missionário franciscano, indica a área exterior marítima do Delta do Rio das Pérolas como “Golfo di Macao”.

Estes mapas coligidos pela Biblioteca Apostólica do Vaticano foram exibidos na Biblioteca da MUST há dois meses. “De todas as cidades asiáticas nos mapas, Beijing e Guangzhou são ilustradas desde cedo. Macau também é uma delas, mostrando a sua importância como centro de transportes mundial no séc. XVI. Esperamos que esta mostra faça aumentar os trabalhos de investigação académica sobre Macau”, disse Dai Longji, o bibliotecário da MUST.

Estes mapas são réplicas de alta qualidade e cópias digitalizadas precisas dos antigos mapas originais. Todos os detalhes como pontos pretos, inscrições manuscritas a lápis e cores desmaiadas foram imitados na perfeição. Os investigadores seleccionaram os papéis com texturas o mais similar possível aos originais. “A olho nu, estas réplicas são indistinguíveis dos originais, mesmo quando colocadas ao lado destes”, refere Dai Longji.

A Biblioteca da MUST seleccionou cerca de 1500 mapas antigos chineses a partir de um total de 3000 de bibliotecas de todo o mundo. Alguns destes mapas assinalam a localização de Macau e alguns são relevantes para a sua história. O bibliotecário assistente da MUST Yang Xunling refere: “Levámos a cabo uma investigação avançada e descobrimos que alguns museus coleccionaram extensivamente mapas relevantes. Então discutimos o assunto, e elaborámos planos e orçamentos antes de uma visita in loco. Cada visita demorou duas a três semanas, durante as quais analisámos centenas ou mesmo milhares de mapas e ainda precisámos de muito tempo para organizar os dados após o regresso. O projecto levou cerca de dois anos a concretizar.”

Os mapas antigos expostos na Biblioteca Sir Robert Ho Tung pertencem às colecções da Biblioteca de Harvard, Bibliothèque Nationale de France, Biblioteca do Congresso, Biblioteca da Universidade de Stanford e Biblioteca Universitária Estense. Estes mapas raros mostram Macau no seu zénite.

Chinae: Olim Sinarum Regionis, Noua Descriptio, 1584

Este é considerado até agora o primeiro mapa da China feito pelos europeus. O mapa foi desenhado com o oeste no cimo, o leste em baixo, o norte à direita e o sul à esquerda. a característica mais proeminente deste mapa é que os nomes de duas capitais e treze províncias da Dinastia Ming se encontram exaustivamente inscritos no mapa pela primeira vez, não sendo usados os nomes desactualizados dos locais. À direita do mapa pode ver-se a Grande Muralha da China com anotações e a leste do estuário do Rio das Pérolas pode ver-se “Macoa”. As pradarias Mo Bei podem ver-se na parte direita do mapa, onde são representados veados e tendas. Podem também ver-se carroças de quatro rodas movidas a vento, produto da imaginação do cartógrafo.

Cidade e Porto de Macau, 1840

Da esquerda para a direita na parte superior do mapa, foram desenhadas as plantas da Fortaleza da Guia, da Fortaleza de S. Tiago da Barra, Fortaleza do Monte, Fortaleza de N. Senhora do Bom Parto e Fortaleza de S. Francisco, respectivamente. O mapa foi produzido a partir de uma perspectiva aérea, representando ruas e os picos de colinas da cidade de Macau. Não foi etiquetado com os nomes de ruas e edifícios mas propositadamente assinalado com os números de 58 sítios, incluindo instalações militares, hospitais, igrejas e informação geográfica, que explica como os ingleses viam a situação de Macau a um nível muito detalhado.
Antes de assinar o Tratado de Nanjing, Macau obteve grandes lucros derivados da importante operação do comércio do ópio, sendo o único porto chinês onde era permitido operar esse comércio, que a Inglaterra há muito cobiçava. Em Setembro de 1808, o exército britânico atacou a zona da Guia em Macau e não retirou até a corte Qing ter estacionado tropas no Patane. Durante a Guerra do Ópio, o Governo de Macau lutou ao lado da corte para repelir a invasão britânica.

Exposição de Mapas Antigos "Cartografia Global de Macau"

Data: 7 de Novembro de 2015 a 31 de Janeiro de 2016
Local: Biblioteca Sir Robert Ho Tung
Horário: 10:00-19:00 (Segunda-feira a Sábado)
               11:00-19:00 (Domingo)
Informações: 2837 7117
Entrada livre