
Enoch Ho (doravante designado por Enoch), nascido na década de 1990, é o gestor do “Big Pie Art Gallery” em Macau. Para além de desempenhar o seu trabalho diário como gestor de arrendamento de escritórios, Enoch também tem o objectivo de expandir a sua carreira para ser mais diversificada, da gestão administrativa à curadoria de arte, para conseguir dominar todas as áreas, seguindo o slogan do espaço de trabalho: Isto é não é um escritório (This is not an office).
Contudo, quem poderia imaginar que Enoch, um trabalhador exemplar, já foi um “rei de escape às aulas” que não gostava de estudar? “Tenho que começar com três fases de viragem. Cada fase tem um livro que me influenciou profundamente. No início, quando estava no décimo ano, não me interessava pelos estudos. Muitas vezes escapava-me às aulas e fia à biblioteca ler romances. Certa ocasião, encontrei um livro que mudou completamente a minha vida, chama-se ‘Morre se não vai’, de Yusuke Ishida, este foi o primeiro livro que transformou a minha vida”. Tal como o autor do livro, Enoch era ciclista e gostava de ver o mundo através do ciclismo. Depois de acabar de ler este livro, abandonou a escola e passou três meses a andar de bicicleta de Yunnan ao Tibete, vivendo um ano sabático a seu belo prazer.
Durante os dias em que vagueava por Dali, Enoch encontrou o segundo livro - o clássico romance filosófico “O Mundo de Sofia”. Após terminar a leitura, ele soltou um suspiro e exclamou: “Lembro-me de me deitar na relva e ler, as palavras não são suficientes para expressar o prazer da leitura”. Esse livro foi como abrir uma porta magnética para a filosofia, onde a viagem de aprendizado da jovem Sophie, aos 14 anos, fez Enoch perceber, de repente, que estava se conectando ao mundo caótico que antes via. Assim, ele decidiu continuar os estudos e ir para a Austrália para estudar a sua matéria favorita: produção audiovisual, e concentrar-se na sua habilidade em contar histórias.
O terceiro livro que teve um impacto na vida de Enoch foi uma selecção de poemas intitulada “A minha solidão é um jardim”, escrita pelo poeta sírio Adunis. Assim como “O Mundo de Sofia”, foi uma descoberta inesperada durante as suas viagens e se tornou um livro de cabeceira para Enoch. Ele menciona que gosta de folheá-lo quando está levemente embriagado beber, consegue encontrar inspiração em qualquer página. Alguns dos seus roteiros para filmes independentes foram derivados dos poemas deste livro, o que possui um enorme sentido inspirador para ele.
Interligados, sob a influência de um livro, Enoch tomou a primeira grande decisão de vida, e durante a execução dessa decisão, deparou-se com outro livro... E assim, os livros impulsionaram subtilmente a vida de Enoch. “Não achas que isso, por si só, tem um significado filosófico?” Ele resumiu a sua viagem de leitura divertida dessa forma.

Durante a universidade, andou errando pelas terras de Dali e pelo Tibete, Enoch, deitado na relva, leu um livro que mudou a sua trajetória de vida. (fotografia disponibilizada pelo entrevistado)