
Pansy Lau, uma jovem poetisa “pós-1985” nascida e criada em Macau, começou a escrever poesia em 2007, tendo marcado uma forte presença nos círculos poéticos de Macau nos últimos anos. As suas obras podem ser encontradas sobretudo em jornais e plataformas literárias, tendo sido publicadas em duas antologias individuais: Margem para a Fragrância (2016) e Retrógrado (2019). Os seus poemas são geralmente inspirados nas suas reflexões sobre a vida quotidiana e nas suas observações sobre acontecimentos sociais e elaborados de forma articulada, podendo facilmente mexer com o leitor.

Sendo uma das principais figuras da nova geração de poetas de Macau, Lau observa que os círculos poéticos locais cresceram nos últimos anos, com a participação activa de vários jovens poetas. Cada poeta apresenta qualidades diferentes, seja nas suas obras ou antologias individuais, ou no mercado local ou taiwanês. “Talvez isso se possa atribuir às nossas ocupações. Para além de sermos poetas, também trabalhamos a tempo inteiro em diferentes áreas. Muitas vezes, integramos a nossa mentalidade profissional nas nossas obras e criamos assim novas imagens e novas formas de expressão. Mas é algo que acontece naturalmente, não é deliberado. Na minha opinião, esta pode ser considerada uma característica particular da poesia de Macau hoje em dia”, afirma Lau. Lau fica também satisfeita ao ver poemas das novas gerações pós-1990 e até mesmo pós-2000 em jornais locais e plataformas online, considerando positiva esta vontade de experimentar, embora as obras ainda se caracterizem por alguma imaturidade. “Para mim, a poesia é uma espécie de fé. Desde que acreditemos profundamente nela e continuemos a escrever e a aprender, não deixaremos de encontrar o nosso caminho e de melhorar a nossa escrita.”
Na opinião de Lau, ao contrário de há mais de uma década, altura em que entrou no universo da escrita de poesia, existem actualmente mais abordagens e mais espaço para o lançamento e divulgação de obras. “Antigamente, só podíamos publicar os nossos poemas em jornais e era bastante difícil receber feedback directamente dos leitores. Agora posso publicar os meus poemas nas minhas próprias páginas de redes sociais. Isso permite-me divulgar o meu trabalho de forma mais fácil e rápida e interagir mais directamente com os leitores, o que pode, por sua vez, tornar-se uma fonte de inspiração.” Lau já definiu um novo objectivo para si mesma: criar uma antologia contendo um longo poema de mais de 100 versos, o que constitui um novo desafio em termos de estrutura e expressão poética, incluindo a nível da imagética. “Penso que escrever poesia em Macau é, até certo ponto, um tipo de arte em risco de extinção. Tenho a sorte de ter obtido o reconhecimento dos leitores pelas minhas obras e, como poetisa, creio que me devia empenhar mais na transmissão desta arte às gerações mais jovens da cidade.”