Aplicação da Inteligência no Fio da Navalha — sobre a aplicação equilibrada da inteligência e da mão-de-obra nas bibliotecas inteligentes

 

TEXTO:Yvonne Yu

ILUSTRATCÕES:Puchi

FOTOGRAFIAS:The Seattle Public Library/CES Asia/A*STAR

 

O desenvolvimento rápido da ciência e da tecnologia causou o surgimento de vários artigos sobre a possibilidade das bibliotecas inteligentes substituírem eventualmente as tradicionais. Por trás dos debates acesos está a necessidade premente de encontrar o equilíbrio entre a aplicação da inteligência e os recursos humanos nas bibliotecas públicas modernas. Uma  biblioteca inteligente deve preencher o conceito e implementação do desenvolvimento inovador de uma biblioteca moderna, com informação e tecnologia digitalizada, em rede e inteligente como base técnica; interligação, alta eficiência e conveniência como características principais ; desenvolvimento ecologista e serviço de fácil utilização são os objectivos principais. Uma biblioteca inteligente é diferente de uma biblioteca digital em termos das suas definições. Para além de abraçar a nova geração de tecnologia da informação, as bibliotecas inteligentes centram-se mais na gestão dos serviços, na tecnologia inteligente e na conveniência assim como na manutenção de um ambiente de leitura favorável.

Tal como Rem Koolhaas, Designer Principal da Biblioteca Pública de Seattle – uma biblioteca inteligente aclamada, referiu: “Uma biblioteca pode obter numerosas variações no seu desenvolvimento aderindo ao mesmo conceito e acontece que as invariáveis e convenções do passado se tornam numa enorme imprevisibilidade”. A aplicação da inteligência e o equilíbrio entre os recursos humanos e a inteligência são ambos importantes direcções de desenvolvimento da Biblioteca Pública de Macau. Neste artigo, iremos falar a fundo desta tendência irreversível do desenvolvimento.

Pergunta 1: É a RFID perfeita em todos os aspectos?

 

‘Tecnologia’ RFID (Tecnologia de Identificação de Rádio Frequência), uma palavra de ordem no curso da evolução da biblioteca inteligente, é usada principalmente para identificação dos leitores, segurança e anti-roubo, posicionamento de livros e orientação acessível, auto-requisição e entrega de livros, auto-triagem e verificação de inventário de livros, entre outras funções.

Entre outras vantagens, a “Tecnologia RFID” permite a identificação rápida, requisição e entrega eficiente, e instalação e manutenção convenientes. Entre outros aspectos, proporciona estatísticas precisas sobre o volume de operação, tipo de operação e sucesso e falhas de operação. A tecnologia permite também aos utilizadores imprimir recibos após a execução de tarefas como check-in, check-out, renovação e informações. Contudo, a sua aplicação em bibliotecas públicas é sem defeitos. Podem ocorrer erros durante os processos de check-in e check-out, devido a leitura errada, falta de atenção ou mesmo falha no reconhecimento de dados, o que assenta na estabilidade técnica das etiquetas electrónicas e no ambiente de comunicação. Equívocos e confusão podem também surgir quando o pessoal da biblioteca não tem capacidade para verificar a integridade dos itens a tempo.

Conclusão; o RFID não é perfeito em todos os aspectos e, logo, ainda necessita de ser assistido por trabalho manual, para assegurar um processo de gestão suave de toda a biblioteca. Apenas a utilização correcta da tecnologia RFID pode verdadeiramente complementar o trabalho diário do pessoal da biblioteca.

 

Caixas para Devolução de Livros em Funcionamento durante 24 horas

Pergunta 1: É a RFID perfeita em todos os aspectos?

Questão 2: Irão bibliotecários robotizados tomar os empregos das pessoas?

 

Nos Estados Unidos, um interessante website intitulado ‘Irão Robots Tomar o Meu Emprego?’ (www.willrobotstakemyjob.com) chamou a atenção de muitos bibliotecários. O website calculou a probabilidade de empregos a serem tomados por computadores com uma nova metodologia, desenvolvida com base nos critérios mencionados no relatório “O Futuro do Emprego: quão susceptíveis são os empregos à computorização?” publicado pelos académicos americanos Carl Benedikt Frey e Michael A. Osborne em 2013. Até agora, um total de 702 ocupações são enumeradas no website. Quando se coloca a palavra “Bibliotecários” no campo de busca, mostra que este trabalho apresenta um risco de automação médio a elevado de 65%. Não podemos deixar de pensar se os recursos humanos não se tornarão completamente desnecessários na era da biblioteca inteligente?

No ano passado, o Departamento de Ciência da Computação e Tecnologia da Universidade de Nanjing e o Laboratório Estatal Chave para Tecnologia de Software Novel da China lançaram um bibliotecário robótico, que constitui uma parte importante da segunda fase do desenvolvimento da biblioteca inteligente. O robot, chamado “Tubao” e incorporando RFID, AI, Internet, Internet das Coisas e outras tecnologias, é actualmente a ser aplicado na Biblioteca de Nanjing em dois aspectos: 1) inventário automático: digitalização de 10,000 livros por hora; 2) actualização instantânea da localização de itens. A taxa de livros não detectados é de menos de 1% e a precisão da posição atinge os 97%. Os números parecem incríveis à primeira vista mas o que é igualmente difícil é não notar as insuficiências do robot. A nível técnico, a sua capacidade de reconhecimento da fala ainda está para além das expectativas. Por exemplo, não é capaz de ultrapassar o “efeito do cocktail” – a capacidade de reconhecer a fala diminui grandemente num ambiente barulhento. Ou seja, os robots são incapazes de substituir os humanos completamente e são apenas usados em algumas áreas na gestão de bibliotecas, tais como inventário e recepção.

Conclusão: Neste momento, os humanos não podem ser substituídos por robots de biblioteca em todos os aspectos do seu trabalho, mas os dois podem sem dúvida trabalhar lado a lado e complementar-se. Por outro lado, são necessários mais observação e estudo sobre se estas tecnologias poderão um dia ultrapassar as insuficiências correntes.

 

Questão 2: Irão bibliotecários robotizados tomar os empregos das pessoas?

Exemplos excelentes de bibliotecas inteligentes no mundo

 

Porque não damos uma olhada além-fronteira a duas bibliotecas inteligentes revolucionárias e vemos o que podemos aprender com elas? Considerando ambos os casos, os recursos humanos e a inteligência são igualmente indispensáveis e devem trabalhar em conjunto. A integração dos dois é o caminho a seguir para as futuras bibliotecas inteligentes.

 

EUA: Biblioteca Pública de Seattle

Palavras chave: multi-funcional, ambiente favorável, design sofisticado

Sendo um importante ponto de referência local, a Biblioteca Pública de Seattle é uma das melhores bibliotecas inteligentes do mundo. Já não é uma instituição onde tudo tem que ser sobre livros, nem se tornou meramente um edifício frio constituído por tecnologias inteligentes. É onde a informação é armazenada, onde todas as formas de media são mostradas, e onde todo o tipo de actividades têm lugar. Funciona simultaneamente como uma galeria de arte – esculturas criadas por vários artistas contemporâneos são exibidas aqui tal como a famosa “Fonte da Juventude”, enquanto cadeiras de “folhados de creme” são especialmente desenhadas por crianças no Centro Infantil Faye G. Allen, o que realça a importância da educação desde a infância. Há um centro de aprendizagem de línguas assim como auditórios para associações realizarem eventos. Além disso, para dar um toque humanista, foram tomadas medidas tais como separar o Starbucks da zona de leitura de romances e revistas. A Biblioteca Pública de Seattle libertou-se da simples definição de biblioteca inteligente e fez as suas tecnologias e ambiente servir genuinamente o público. E porque emite umas vibrações tais de rock-and-roll dentro e fora que não surpreende que os jovens utilizadores agora gracejem sobre passar mais tempo na biblioteca.

 

Singapura: Biblioteca Pública Pasir Ris e outras bibliotecas públicas

Palavras-chave: robots, RFID, inventário eficientee, relatório precis

Em 2016, a Biblioteca Nacional e a Agência para a Ciência, Tecnologia e Investigação (A*STAR) de Singapura desenvolveram um novo robot bibliotecário, o AuRoSS (abreviatura de “sistema robótico autónomo de digitalização de prateleiras). A sua capacidade de memorizar a disposição da biblioteca e as localizações das estantes de livros permite-lhe navegar sozinho de corredor em corredor durante o encerramento da biblioteca, digitalizando etiquetas de RFID para produzir relatórios para serem entregues a bibliotecários humanos no dia seguinte. O robot pode terminar a digitalização de 20,000 livros numa hora com uma taxa de precisão tão alta como 99%, o que aumentou dramaticamente a eficiência na gestão de bibliotecas e reduziu imensamente a carga de trabalho do pessoal da biblioteca.

Quando a Biblioteca Pública de Macau se torna inteligente

TEXTO:Yan Lam

FOTOGRAFO:Leslie

 

As instalações inteligentes actuais da Biblioteca Pública de Macau incluem máquinas de auto-verificação, entrega de livros, digitalização de livros, fotocopiadoras self-service e a aplicação móvel BookMyne. Os dados mais recentes revelam que, até Setembro, o número de leitores a utilizar as máquina de auto-verificação aumentou em 47% em comparação com o início do ano e representa 68% do número total de utilizadores dos serviços da biblioteca. Isto indica que mais leitores estão dispostos a utilizar os serviços self-service convenientes. Do ponto de vista do pessoal da linha da frente, que mudanças trouxeram os serviços inteligentes à Biblioteca?

 

Mais dados exactos podem ser obtidos nas bibliotecas inteligentes

Lam Io Hou, chefia funcional das Ilhas, tem vindo a trabalhar na linha da frente e assistiu a mudanças no sistema das bibliotecas ao longo dos anos desde que começou a trabalhar na Biblioteca Pública de Macau em 2000. Antes dos serviços de auto-verificação ficaram disponíveis, tratava principalmente dos serviços de balcão. Todos os dias dava entra e saída manualmente dos livros um por um, verificava os livros, carimbava a data de entrega e voltava a pô-los nas prateleiras. A introdução dos serviços de auto-verificação mudou a sua forma de trabalhar de forma a que agora proporcione serviços proactivos em lugar de serviços reactivos.

Na sua opinião, as máquinas inteligentes reduziram a carga de trabalho repetitiva do pessoal e os auto-serviços forneceram muitos dados úteis que lhes permitem gerir a biblioteca mais eficientemente, tais como que tipos de livros são populares e os períodos de pico de utilização do autoserviço. “Em comparação com o passado, o nosso pessoal da linha da frente tem mais tempo para pensar em como proporcionar uma variedade mais ampla de serviços de biblioteca. Temos também mais tempo para comunicar com os leitores, o que nos permite melhorar os serviços actuais de autoserviço e oferecer serviços m ais personalizados aos leitores. Ao fazer uma análise mais aprofundada das necessidades dos leitores com base nos dados fornecidos pelas máquinas, tais como os livros favoritos de diferentes grupos etários, podemos gerir melhor os livros e gerir a nossa mão de obra”, acrescentou.

Referiu também que os serviços inteligentes dão sempre a muitas pessoas a ideia errada que agora o pessoal das bibliotecas tem uma carga de trabalho menor, mas na verdade, em grande parte, o lançamento bem sucedido de serviços inteligentes depende no seu trabalho árduo e dedicação. Os autoserviços trouxeram uma experiência mais conveniente aos utilizadores das bibliotecas. Por exemplo, a requisição e entrega de livros, que era anteriormente efectuada ao balcão, agora leva apenas alguns segundos através da máquina de auto-verificação. Os livros agora circulam mais rapidamente, mas os livros devolvidos ainda precisam de ser postos nas prateleiras manualmente. Logo, a circulação mais rápida de livros significa mais trabalho de os colocar nas prateleiras para o pessoal.

 

 

Que serviços inteligentes serão melhorados no futuro?

As bibliotecas inteligentes não significam bibliotecas sem pessoal mas bibliotecas que fornecem mais serviços orientados para os leitores e personalizados. Como veterano de operações da linha da frente de bibliotecas e das técnicas de tecnologia da informação, Hoi Hoi Po, oficial administrativo da Biblioteca, diz-nos: “Isto significa que iremos estender os nossos serviços para além do básico de receber e entregar livros. Iremos continuar a fazer melhoramentos e a responder às necessidades dos leitores com serviços mais convenientes. Por exemplo, as máquinas de auto-verificação já estão disponíveis na Biblioteca, mas os leitores que fizeram os seus pedidos ainda não podem levantar os seus livros se visitarem a Biblioteca fora das horas de expediente do nosso pessoal. Este é um serviço que devemos procurar melhorar no futuro.” Além disso, a Biblioteca Pública de Macau irá melhorar a experiência dos leitores desenvolvendo serviços de e-pagamento, disponibilizando aos leitores mais métodos de pagar taxas vencidas.