Henry James nasceu em Nova York, no dia 15 de abril de 1843 e faleceu em Londres no dia 28 de fevereiro de 1916. Foi um escritor norte-americano, naturalizado britânico em 1915. Uma das principais figuras do realismo na literatura do século XIX. Autor de alguns dosromances, contos e críticas literárias mais importantes da literatura de língua inglesa. Filho do teólogo Henry James Senior e irmão do médico, filósofo e psicólogo William James. Seu pai era um homem culto, filósofo, e fazia questão que os filhos recebessem uma ótima educação. Por isso viajou com a família para a Europa, em 1855, quando Henry tinha 12 anos, e durante três anos percorreram Inglaterra, Suíça e França, visitando museus, bibliotecas e teatros. Regressaram aos Estados Unidos em 1858, para viajar de novo a Genebra e Bonn no ano seguinte. Em 1860, já estavam de volta a Newport, onde Henry e William - o irmão mais velho que se tornaria psicólogo e filósofo - estudaram com o pintorWilliam Morris Hunt.
Henry começou a carreira de direito em Harvard em 1862. Mais interessado na leitura de Balzac, Hawthorne e George Sande nas relações com intelectuais como Charles Eliot Norton e William Dean Howels, abandonou o direito para se dedicar à literatura. Seus primeiros textos e críticas apareceram em alguns jornais. No começo de 1869, foi à Inglaterra, Suíça, Itália e França, países que lhe forneceriam uma grande quantidade de material para suas obras. Regressou a Cambridge em 1875. Viveu um ano em Paris, onde conheceu o círculo de Flaubert (Daudet, Maupassant, Zola) e, em 1876, fixou-se em Londres, onde escreveu a maior parte de sua extensa obra.
A carreira literária de Henry James teve três etapas. A primeira foi na década de 1870, com "Roderick Hudson" (1876), "The American" (1877) e "Daisy Miller" (1879) e culminou com a publicação de "Retrato de uma Senhora", em 1881, cujo tema é o confronto entre o novo mundo com os valores do velho continente.
Na segunda etapa, James experimentou diversos temas e formas. De 1885 até 1890, escreveu três novelas de conteúdo político e social, "The Bostonians" (1886), "The Princess Casamassima" (1886) e "The Tragic Muse" (1889), histórias sobre reformadores e revolucionários que revelam a influência da corrente naturalista.
Nos anos 1890-1895, chamados "os anos dramáticos", James escreveu sete obras de teatro, das quais duas foram encenadas, com pouco êxito. James voltou à narrativa com "A Morte do Leão" (1894), "The Coxon Fund" (1894), "The Next Time" (1895), "What Maisie Knew" (1897) e "A volta do parafuso" (1898).
As obras "The Beast in the Jungle" (1903), "The Great Good Place" (1900) e "The Jolly Corner" (1909), fazem parte da última etapa do trabalho de James, considerada por muitos críticos[quem?] como a mais importante, quando o autor explora o complexo funcionamento da consciência humana. Sua prosa torna-se densa, com a sintaxe cada vez mais intrincada. Essas características definem as três grandes obras dessa etapa final, "As Asas da Pomba" (1902), "Os Embaixadores" (1903) e "A Taça de Ouro" (1904).
Além dos romances, relatos curtos e obras de teatro, o autor deixou inúmeros ensaios sobre viagens, críticas literárias, cartas, e três obras autobiográficas. Os últimos anos da sua vida transcorreram em absoluto isolamento na sua casa, que só deixou em 1904 para regressar brevemente aos Estados Unidos depois de 20 anos de ausência.
Em 1915, com a Primeira Guerra Mundial, James adotou a cidadania britânica. Morreu aos 72 anos, pouco depois de receber a Ordem do Mérito britânica.
O Aperto do Parafuso (The Turn of the Srew, no original) é das obras mais incensadas de Henry James ao ponto de dela se ter extraído o libreto para a ópera homónima de Britten.
Apesar do elogio incondicional de Oscar Wilde e do bom gosto severo de James, eu não me exaltei deveras com o Aperto do Parafuso. Sinto que fica sempre entre a sugestão freudiana da alucinação e as vulgatas do género, em que não há razão de ser para o que acontece mas também não tem que haver.
“Desde as primeiras páginas de O Aperto do Parafuso o leitor pressente que algo de aterrorizador irá acontecer a qualquer virar de página; aos poucos, através da linguagem que o autor utiliza, é criadosuspense. Esse momento dá-se quando a preceptora visualiza uma figura de «olhar profundo e duro», junto a uma torre, no cair de uma noite. Esta será a primeira de sucessivas ‘aparições’ que têm lugar nos arredores e interior de Bly, e que exigem da jovem professora «sangue-frio». Quando ela descreve fisicamente os dois ‘visitantes’ à governanta esta diz corresponderem às figuras de dois mortos que viveram na casa: Peter Quint, um criado, e Miss Jessel, ex-perceptora das crianças”.
Contudo também desde o princípio se começa a perceber que Henry James não conseguirá urdir um final consentâneo com o enredo. E o final é uma desilusão e não consegue libertar-se da interpretação freudiana da alucinação, mas também não a assume por completo. O final é uma boa trapalhada. E se o que se pretendeu foi criar um ambiente de suspense e calafrio, é isso que jamais acontece, suspense e muito menos calafrio.